A ESTÉTICA DO GLOW: POR QUE O VIÇO VIROU O NOVO SINÔNIMO DE JUVENTUDE
- Gisele Barros

- 18 de set.
- 6 min de leitura
Mais do que rugas ou flacidez, o brilho natural da pele se tornou o principal indicador de beleza e vitalidade. Tendência impulsiona procedimentos que priorizam textura, hidratação e luminosidade, mas exige cuidado com promessas imediatistas.

Nos consultórios dermatológicos, uma mudança silenciosa vem ditando os novos padrões de beleza: o foco não está mais em “apagar rugas” ou “levantar o rosto”, mas sim em conquistar uma pele luminosa, hidratada e com textura uniforme, o chamado glow. Associado à ideia de saúde, juventude e autocuidado, o viço natural da pele se transformou no objetivo número um de quem busca procedimentos estéticos, influenciado por filtros digitais, celebridades e a cultura do skincare. “Independentemente da idade, seja aos 40 ou 80, os pacientes podem ter rugas naturalmente, mas precisam ter uma pele tratada, bonita, viçosa, luminosa, tonificada e hidratada. Por exemplo, uma senhora de 80 anos deve ter naturalmente sulcos e marcas, mas essa paciente pode e precisa ter uma pele luminosa, com um quadro de tonicidade e uma pele reconhecida como bem cuidada, por meio de hidratação”, explica a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Essa nova estética da juventude, mais sutil e refinada, tem impulsionado o crescimento de tratamentos que promovem melhora global da pele. Em vez de mudanças estruturais no rosto, o foco agora é devolver vitalidade, estimular colágeno e aumentar a hidratação cutânea. “O famoso ‘glow’ da pele, aquele brilho saudável e natural, tem uma base fisiológica interessante: ele é resultado de uma combinação de fatores anatômicos, celulares e bioquímicos que refletem o bom funcionamento e a saúde da pele como um todo. Mas, a base é o cuidado com a saúde da pele, mais especificamente com hidratantes que mantenham a barreira da pele íntegra. Quando há a perfeita coesão entre os corneócitos na camada córnea (a mais externa da epiderme), a luz interage com a superfície cutânea promovendo esse brilho natural”, explica a Dra. Flávia Brasileiro, dermatologista membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
Tecnologias que combinam esfoliação física e química, extração por vácuo e infusão de ativos antioxidantes e hidratantes estão entre as mais procuradas, como é o caso do Hydrafacial. “A hidrodermoabrasão do Hydrafacial, por exemplo, remove o que impede a luz de refletir de forma harmônica (células mortas, excesso de sebo, poros sujos) e repõe o que a pele precisa para brilhar (água, lipídios, antioxidantes), respeitando a fisiologia cutânea. É como se fosse um detox para a pele, o que ajuda na clareza óptica, com menos opacidade e mais brilho”, esclarece a Dra. Flávia. “O Hydrafacial é uma tecnologia personalizável de hidrodermoabrasão, que limpa e hidrata a pele profundamente, atuando no beauty health. A plataforma tem várias ponteiras, cada uma com uma característica diferente, e consegue fazer a remoção da sujidade e da oleosidade, inclusive de micropoluentes. Também há a aplicação de beta-hidroxiácidos, como o ácido salicílico, e alfa-hidroxiácidos, como o ácido glicólico, para diminuir a espessura do estrato córneo, que é a primeira camada da pele, o que prepara a pele para receber o ‘drug-delivery’, que vai introduzir na pele, chegando em camadas mais profundas, peptídeos sinalizadores de colágeno, antioxidantes, clareadores e substâncias hidratantes”, diz a Dra. Claudia Marçal. “Os resultados geralmente são imediatos: uma pele mais limpa, com textura visivelmente mais uniforme e brilho saudável, sem necessidade de tempo de recuperação”, completa a médica.
Os lasers também podem atuar nesse sentido. “Eles podem estimular renovação das células mais superficiais, fazendo com que elas cheguem mais coesas e oxigenadas à superfície”, esclarece a Dra. Flávia. Opções de laser são o Quadri Pico e o Hybrid Co2. “Com Quadri Pico, conseguimos tratar as hiperpigmentações. Ele age nos melanócitos para esvaziá-lo, ou seja, ele interage com os grânulos de melanina na hora para destruir esse pigmento”, explica o dermatologista Dr. Abdo Salomão Jr., membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. São indicadas quatro sessões com intervalo de 15 dias. “Já a técnica do Hybrid Co2, na configuração de laser frio, age em camadas mais superficiais, o que melhora a qualidade de pele, uniformiza o tom, estimula colágeno e trata rugas. Também podemos usar estratégias como o drug delivery, em que aproveitamos as portas de entrada criadas pelo laser para aplicação de fármacos que conseguem penetrar em camadas mais profundas, melhorando a terapêutica”, diz o médico.
Mas o sucesso dessas abordagens também carrega armadilhas. Com a popularização nas redes sociais, muitas clínicas passaram a oferecer protocolos prontos, sem avaliação prévia da pele ou acompanhamento profissional. “Não podemos nunca esquecer que as tecnologias são operadores dependentes. O que é isso? Elas dependem de quem opera a tecnologia. Se bem ‘operadas’ entregam excelentes resultados. Mas apenas tecnologias também não resolvem. O ideal é realmente associar a técnicas que agem em diferentes estruturas para um resultado global”, reforça a Dra. Paola Pomerantzeff, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A promessa de resultados rápidos, aliada à sensação de leveza e baixo risco, pode levar ao uso indiscriminado de tecnologias que, embora eficazes, precisam ser personalizadas. “Primeiro, precisamos examinar cada paciente. Apesar do processo de envelhecimento ocorrer em todas as estruturas da face para todos, em cada pessoa, uma ou outra estrutura é mais acometida. Primeiro, precisamos diagnosticar quais estruturas estão acometidas, quais as causas de cada queixa da paciente e então, a partir do diagnóstico, traçar um plano de tratamento, que podemos executar em pouco tempo, ou com intervalos, de acordo com cada paciente”, completa a Dra. Paola.
Mesmo os tratamentos mais suaves devem ser indicados por dermatologistas, segundo as médicas. “Precisamos entender que nem toda falta de glow pode ser explicada apenas pela falta de hidratação. Então, buscar um dermatologista é importante para que ele possa examinar a pele e orientar as melhores estratégias para conquistar o brilho da pele”, diz a Dra. Flávia. “Na derme, as proteínas estruturais mantêm a firmeza e elasticidade. Uma pele firme reflete melhor a luz. A degradação do colágeno (com o tempo ou por agressões externas como sol e poluição) contribui para um visual cansado e é por isso que os procedimentos como bioestimuladores, ultrassom microfocado e lasers devem ser usados, de acordo com a indicação para cada pessoa. As manchas também podem atrapalhar o brilho natural da pele. Por isso, é fundamental buscar um dermatologista”, finaliza a Dra. Flávia Brasileiro.
FONTES:
*DRA. CLAUDIA MARÇAL: Médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas - SP, speaker de laboratórios globais de dermocosméticos e de fabricantes de equipamentos. CRM: 78980 / RQE: 31829. Instagram: @draclaudiamarcal
*DRA. FLÁVIA BRASILEIRO: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, com mais de 20 anos de atuação em Dermatologia e Cosmiatria. Formada em Medicina na Universidade do Oeste Paulista, de Presidente Prudente (SP), fez Residência em Clínica Médica na Irmandade Santa Casa de São Paulo e em Dermatologia na Universidade do Oeste Paulista. Foi docente da Faculdade de Medicina da Universidade do Oeste Paulista, de 2007 a 2014. A médica participa periodicamente de Congressos, Workshops e Simpósios nacionais e internacionais. Instagram: @draflaviabrasileirodermato
*DRA. PAOLA POMERANTZEFF: Dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), tem mais de 10 anos de atuação em Dermatologia Clínica. Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina Santo Amaro, a médica é especialista em Dermatologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, e participa periodicamente de Congressos, Jornadas e Simpósios nacionais e internacionais. Instagram: @drapaoladermatologista
*DR. ABDO SALOMÃO JR: Doutor em Dermatologia pela USP (Universidade de São Paulo). É sócio Efetivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Membro da American Academy of Dermatology (AAD), Sociedade Brasileira de laser em Medicina e Cirurgia e do Colégio Ibero Latino Americano de Dermatologia. Dr. Abdo Salomão Jr. ministra aulas nos principais congressos nacionais da especialidade. Além disso, já deu aulas na Austrália, Itália e Coréia do Sul. É uma referência em conhecimento de lasers e tecnologias para fins dermatológicos e estéticos. Diretor da Clínica Dermatológica Abdo Salomão Junior. Instagram: @drabdosalomao
Por,
Gisele Barros
Editora Chefe do Portal ALL SENSEZ
Especialista no Mercado de Fragrâncias
Consultora de Comunicação Especializada em Perfumaria












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