INDÚSTRIA DO BEM-ESTAR MOVIMENTA US$ 2 TRILHÕES, EXPANDE MERCADO E AQUECE INTERESSE ENTRE JOVENS POR ‘BELEZA E ESTÉTICA’
- Gisele Barros
- há 21 minutos
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Investir em na aparência ranqueia entre o ‘top 3 prioridades’ da Geração Z, segundo a McKinsey & Company.

A indústria do ‘bem-estar’ vem sendo redesenhada pelos gostos e interesses das gerações Y (millennials) e Z. É o que revela o relatório anual da McKinsey & Company, “The Future of Wellness”, que projeta uma movimentação de até US$ 2 trilhões no setor, impulsionada pela nova trend do momento: o self care (autocuidado) entre os mais jovens.
Somente entre a Geração Z, atuais líderes da transformação, quase 30% revelam priorizar o bem-estar ‘muito mais’ que o comparativo ao ano passado. Nas gerações anteriores, esse cuidado pessoal alcançou a marca de 23%. Apesar das diferenças sutis, o relatório indica que algumas mudanças já podem ser observadas na indústria do ‘bem-estar’, como a preocupação crescente por uma ‘melhor aparência’ entre os nascidos da GenZ.
À frente do interesse por condicionamento físico (fitness), nutrição e atenção plena (mindfulness), os cuidados para manter uma ‘boa aparência’ raqueia atualmente entre o top 3 prioridades dos mais jovens. Ainda segundo o estudo, esse cenário teria refletido o setor de ‘beleza e estética’, que se viu frente à nova leva de consumidores em seus estabelecimentos, comprando produtos de beleza em uma taxa maior que as gerações passadas.
A McKinsey & Company também revelou que os gastos com procedimentos estéticos cresceram durante este período, com atenção especial para tratamentos que retardam o envelhecimento – mesmo entre as gerações mais novas. Somando dez anos à frente deste cenário, com especialidade em estética decolonial preta, a biomédica esteta Jéssica Magalhães explica que o cuidado com a pele, independente do método ou idade, é um ato contínuo de conexão e bem-estar que vai além da aparência propriamente dita.
Na visão da especialista, o autocuidado é um exercício de presença. Isso explica porquê tantos jovens estão priorizando o cuidado estético. Para Jéssica, reservar um tempo de qualidade para os cuidados com a pele, corpo e imagem é uma forma de perceber as necessidades, limites e desejos do corpo, fortalecendo a autoestima e criando um laço de identidade com as raízes familiares, principalmente no caso de homens e mulheres negras.
“Para pessoas negras, especificamente, aceitar e valorizar a própria estética é um ato de resistência e de cura. Historicamente, os traços, tons de pele e cabelos negros foram alvo de estigmas e padronizações eurocêntricas que negavam a diversidade da beleza. Reconhecer a potência da pele preta e cuidar dela de forma adequada significa ressignificar séculos de apagamento e se afirmar como sujeito de beleza e dignidade. Esse processo não é apenas estético, mas também político e profundamente ligado à saúde mental”, elucida.
Jéssica, que assina os cuidados com a pele de nomes como Tarsila Alvarindo, Val Benvindo e Najara (NBlack), aconselha os mais jovens que estão na busca pelo bem-estar associado à estética, a começar com pequenas rotinas diárias, que fazem total diferença durante o dia a dia. Entre as principais dicas, se encontram: limpar e hidratar a pele de manhã e à noite; uso de protetor solar (para evitar manchas); escolher produtos que respeitem as necessidades de cada pele; e reservar um momento do dia para massagear o rosto.
“Pequenos gestos de autocuidado auxiliam na redução da ansiedade, fortalecem a confiança e criam uma sensação de pertencimento ao próprio corpo. A estética, nesse sentido, é um apoio importante para o equilíbrio emocional. Ao invés de olhar para a pele apenas em busca de ‘defeitos’, é preciso enxergá-la como parte da história e identidade de cada pessoa. Cada marca, tom ou característica pode ser vista como expressão de vida. O cuidado estético, quando feito com consciência, deixa de ser uma obrigação e passa a ser um convite para transformação e reconexão. Nesse processo, a beleza deixa de ser um padrão e se torna uma forma singular de existir no mundo”, conclui a biomédica Jéssica Magalhães.
Por,
Gisele Barros
Editora Chefe do Portal ALL SENSEZ
Especialista no Mercado de Fragrâncias
Consultora de Comunicação Especializada em Perfumaria
