PÁSCOA: CHOCOLATE DÁ ESPINHA? FAZ MAL PARA A PELE? O QUE DIZ A CIÊNCIA SOBRE ISSO?
- Gisele Barros
- 16 de abr.
- 4 min de leitura
Existe muita desinformação na internet a respeito do chocolate. Não há resposta simplista para a relação de chocolate e pele: tudo depende de qual chocolate será ingerido - alguns podem até fazer bem para o tecido cutâneo.

Para quem acompanha os vídeos nas redes sociais, a proximidade da Páscoa é sempre recheada de informações desencontradas: “o chocolate faz mal para a pele”, diz um; “ele inflama”, diz outro; “dá espinha”... Enfim, são muitas desinformações e polêmicas para gerar discussão e melhorar o engajamento nas redes. Mas o que a ciência diz sobre a relação entre chocolate e pele? “Na verdade, tudo depende da concentração de cacau que está presente na formulação. Por isso, as versões mais amargas trazem benefícios antioxidantes e anti-inflamatórios, mas também devem ser consumidas com moderação. No caso do chocolate branco e ao leite, ambos têm grande concentração de açúcar e gordura, o que pode favorecer a inflamação e envelhecer a pele, dependendo do contexto alimentar desse paciente”, afirma a dermatologista Dra. Claudia Marçal, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da American Academy of Dermatology.
A principal dúvida com relação aos chocolates é se eles causam ou não acne. De acordo com a médica, o cacau em si é um alimento extremamente benéfico e a sua concentração não está relacionada ao surgimento ou piora da acne, pelo contrário: esse ingrediente é um aliado da saúde da pele. “Ele é um poderoso antioxidante e ajuda a promover luminosidade e hidratação. O cacau contém flavonoides, que são fitonutrientes com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias. Eles auxiliam na proteção aos danos dos raios UV, prevenindo as rugas e combatendo os radicais livres que ajudam a deixar a pele mais brilhante e saudável”, afirma a dermatologista. Portanto, o cacau não causa espinha. Sendo assim, o chocolate amargo também não está relacionado à acne. “O contexto alimentar do paciente é mais importante para definir se a alimentação terá uma influência positiva ou negativa na sua pele, com aparecimento de inflamações ou aceleração do envelhecimento. Mas sabemos que, devido à alta concentração de cacau em sua fórmula, o chocolate amargo - desde que ingerido sem excessos - pode ser, na verdade, um aliado da saúde da pele, pois contém propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias”, destaca a dermatologista. Sendo assim, chocolates com mais de 50% de cacau e o padrão-ouro (com mais de 70%) podem ser consumidos, mas com atenção às doses: 30g ao dia é o recomendado – portanto uma barra de chocolate (100g) pode ser consumida, em média, em três ou quatro dias.
Com relação aos chocolates branco e ao leite, os ingredientes devem sempre ser avaliados. “O problema está no açúcar e nas gorduras utilizadas no chocolate. Alimentos com gorduras, açúcares e hidratos de carbono, como os chocolates ao leite e branco, têm alto índice glicêmico. Muitos estudos sugerem que a alta carga glicêmica na dieta habitual está envolvida com a ocorrência e gravidade da acne vulgar em pacientes predispostos, na medida em que favorece a hiperinsulinemia que, em consequência, influencia no crescimento epitelial folicular, na queratinização e, também, na secreção sebácea e desenvolvimento de acne. A gordura e o leite presente em chocolates podem colaborar também para o agravamento do quadro”, explica a dermatologista.
Se o consumo desse tipo de chocolate for regular, isso ainda pode ir além de problemas agudos, como uma acne momentânea: “O consumo excessivo de alimentos com alto índice glicêmico também está ligado à oxidação das células”, diz a Dra. Claudia Marçal. “Nosso organismo está acostumado a lidar com radicais livres, mas quando há uma produção exagerada deles, o nosso sistema antioxidante natural não é capaz de combater. Como resultado, sofremos com alterações nas funções das células, até mesmo no DNA celular, e isso culmina no envelhecimento precoce, com aparecimento de manchas, rugas e flacidez – pela perda de função das proteínas de sustentação”, explica. “Na dieta, alimentos de alto índice glicêmico, como açúcares, são rapidamente digeridos pelo organismo e transformados em glicose no sangue, provocando assim um pico de glicemia. Para reequilibrar esse alto nível de glicose no sangue, o organismo aumenta a produção de moléculas que podem se transformar em radicais livres. Se o consumo excessivo de carboidratos é constante na alimentação, ocorre um processo denominado como estresse oxidativo, que desencadeia mais problemas, ao ativar diversas vias inflamatórias no organismo e contribuir para a inflamação crônica”, explica a dermatologista. “O ideal é evitar os chocolates ao leite e branco, que possuem mais gordura e açúcar, ambos envolvidos com o processo de inflamação e aceleração do envelhecimento da pele, se consumidos com frequência”, explica. “Pacientes de pele oleosa devem evitar esse tipo de chocolate principalmente se ele ainda tiver amendoim e castanhas, que trazem mais gorduras saturadas para a pele e as glândulas serão as responsáveis por excretar este acúmulo de gordura”, finaliza.
*DRA. CLAUDIA MARÇAL: Médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas - SP, speaker de laboratórios globais de dermocosméticos e de fabricantes de equipamentos. CRM: 78980 / RQE: 31829. Instagram: @draclaudiamarcal
Por,
Gisele Barros
Editora Chefe do Portal ALL SENSEZ
Especialista no Mercado de Fragrâncias
Consultora de Comunicação Especializada em Perfumaria

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