BOOM DA PERFUMARIA ÁRABE DÁ LUGAR À ASCENSÃO ASIÁTICA NO MERCADO GLOBAL
- Gisele Barros
- há 4 dias
- 3 min de leitura
Poliana Palhano, especialista em perfumaria e gerente da Fragrance de L’Opéra, revela que; marcas do Japão, Coreia e Vietnã crescem em feiras internacionais e começam a ditar o futuro da perfumaria de nicho.

Nos últimos dez anos, o mercado internacional de perfumaria foi fortemente impactado pela ascensão das fragrâncias árabes. Ricas em notas intensas, como oud, âmbar e especiarias, elas conquistaram Europa, Estados Unidos e até mesmo o Brasil, movimentando bilhões de dólares em exportações. Segundo a consultoria Euromonitor, o Oriente Médio foi uma das regiões que mais cresceu em vendas de perfumes premium entre 2018 e 2022, com altas acima de 10% ao ano.
Agora, especialistas apontam que esse ciclo começa a dar espaço para uma nova tendência: a perfumaria asiática, liderada por marcas independentes do Japão, da Coreia do Sul e do Vietnã.
Paris e Milão no radar asiático
A especialista em perfumaria e gerente da Fragrance de L’Opéra, Poliana Palhano, acompanha de perto os principais salões internacionais e explica a virada de mercado:
“O boom árabe já passou na Europa, e a aposta agora é a perfumaria asiática. Marcas do Vietnã, China, Japão e Coreia estão crescendo muito, com criações baseadas em ingredientes como chá verde, matchá e arroz”, revela Poliana.
Na última edição do Esxence – The Art Perfumery Event, em Milão, esse movimento já havia sido notado. “No salão, havia todo um pavilhão dedicado à perfumaria asiática, repleto de aromas exóticos e frascos delicadamente trabalhados”, conta Poliana.
Ingredientes que traduzem cultura
Enquanto a perfumaria árabe se apoia em densidade e opulência olfativa, a perfumaria asiática propõe o oposto: leveza, frescor e espiritualidade. Ingredientes como matchá, chá verde, arroz e flor de lótus estão no centro das criações, dialogando com o estilo de vida minimalista e equilibrado que muitas culturas asiáticas inspiram.
De acordo com relatório da Allied Market Research, o mercado global de perfumes deve movimentar US$ 69,8 bilhões (cerca de R$ 382 bilhões) até 2031, com grande contribuição de marcas independentes que exploram novas estéticas olfativas. Parte desse crescimento virá justamente de países asiáticos, que até pouco tempo não tinham representação relevante fora de suas fronteiras.
A força da Coreia e do Japão
A Coreia do Sul, já consolidada no mercado global de beleza com o fenômeno da K-Beauty, começa a replicar o modelo para o setor de fragrâncias. Segundo dados da Korea Trade-Investment Promotion Agency (KOTRA), as exportações de cosméticos e perfumes sul-coreanos cresceram 16,1% em 2023, impulsionadas pelo apelo de inovação e design diferenciado.
O Japão, por sua vez, aposta na sofisticação e no minimalismo. Casas japonesas têm levado à Europa perfumes que unem tradição e modernidade, explorando matérias-primas naturais e técnicas artesanais de extração.
Vietnã: a nova surpresa do setor
Entre os emergentes, o Vietnã chama atenção pela agilidade em lançar marcas de nicho que conquistam consumidores jovens na Europa. Inspirados na cultura local e na herança botânica do país, os perfumistas vietnamitas têm se destacado com propostas criativas e embalagens sustentáveis.
Segundo a Statista, o mercado vietnamita de fragrâncias deve ultrapassar US$ 544 milhões (R$ 2,98 bilhões) em 2025, e parte dessa produção já está sendo direcionada para exportação.
Tendência sólida para os próximos anos
Para Poliana Palhano, o interesse crescente do público europeu e o espaço aberto em grandes eventos internacionais comprovam que não se trata de uma moda passageira:
“Isso mostra que estamos diante de uma tendência sólida, que vai se consolidar nos próximos anos. A perfumaria asiática traz leveza, modernidade e uma conexão cultural profunda — é uma proposta que conversa com o futuro do consumo global.”
O ciclo da perfumaria árabe marcou uma era de intensidade. Agora, o frescor e a delicadeza da perfumaria asiática assumem protagonismo, indicando não apenas uma mudança olfativa, mas também cultural. O mercado global acompanha de perto essa transição, que deve moldar as fragrâncias de luxo e nicho nos próximos anos.
Por,
Gisele Barros
Editora Chefe do Portal ALL SENSEZ
Especialista no Mercado de Fragrâncias
Consultora de Comunicação Especializada em Perfumaria

Comentários